quarta-feira, abril 19, 2006

Pensar


Me dá um real?
Não tenho.
Me paga um almoço?
Não posso.

Depois o rapaz, puto da vida, quase chorou.
A consciência pesou.
O homem no ponto a fazer a todos a mesma pergunta.
Cada resposta, um corte na pele.

Queria ajudar, não podia,
Nem era sua obrigação:
O estado do Estado, perante o estado do povo, é pseudo-retratado, em qualquer jornal do Estado.
Pensava nisso e em inúmeros outros issos.

Olhava a cidade em movimento, em sua mente,
Retrógrado.
A cidade por todos os lados
Sangrava.
A cada esquina, outra artéria rompida,
Outra pessoa jogada.

Então de dentro do ônibus, procura
Um modo de estancar.
Não encontra solução.
Sem solução.
Não há solução.

A música continua tocando
No walkman,
só um fone funciona.
Medo da cidade.
Raiva de si mesmo.
Pensa em dar com os ombros.
Mas não consegue.
Não consegue.

Está perdido,velho,
Inútil
e no auge dos seus vinte e cinco anos.

A cidade.
A cidade que tanto ama.
A cidade que tanto amou.
É o principal motivo para ele se mudar dela,
mesmo sabendo que essa podreira está em qualquer lugar
Do mundo.

Pensa...
Gandhi,
Marx,
Chico,
João,
Rodrigo.
Pensa...
Pensou.
Chorou.

Chegou em casa pensando e pensando, e
Nada mudou.
Assistiu aos mesmos problemas diários na televisão.
Discutiu com a esposa,os amigos e nada mudou.
Nada mudou.
Foi dormir sentindo o gosto de sangue em sua mente.

1 Comments:

Blogger Márcia Nestardo said...

Como eu posso pedir que pare de sangrar? Não consigo sonhar nada pra te dizer que tudo vai dar certo. Estou tentando, mas não consigo mesmo.
Então sangra, Claudio. Chora. Sente o vazio do estomago e se faz parecido com eles todos que não tem esperança de comer. Mas não deseja a anestesia, que essa dor pela vida não pode acabar.

8:09 AM  

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